19/06/2008

Vozes do Mar

Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d’oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?…

Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d’epopeias?
Tens anseios d’amarguras?
Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz,ó mar amigo?…
Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!

31/05/2008

Perguntei pro mar

Perguntei pro mar,
se estou certo ou errado
De ficar esperando o meu amor.
Ele me respondeu:
Já se passaram dez anos
Eu só existo de tanto você chorar!
Escute o que seu coração tem a dizer
Você e tão bom e merece ser feliz
É so olhar para o céu,
e escolher uma estrela!
Pede para ele te mostrar
o seu novo amor!
Olhei pra o lado e encontrei
uma pessoa q estava triste como eu
Cheguei mais perto
e abri meu coração
sem medo de errar.
Ah... que olhar azul...
é a cor do novo amor
E você! que entrou no meu caminho
só pra me fazer feliz
E você! que vai ter de presente
todo o meu amor
Então me beija, me abraça,
vamos recomeçar o tempo!
E eu vou agradecer a estrela
que te trouxe pra mim...

(Bruno Lima)

18/05/2008

Noturno

Veleiro ao cais amarrado
em vago balouço, dorme? Não dorme.
Sonha, acordado, que vai pelo mar enorme,
pelo mar ilimitado.

Se acaso me objetardes
que veleiro não é gente e, assim,
não sonha nem sente,
sem orgulhos nem alardes eu direi:
por que haveria de falar-vos do homem triste
mas de olhar grave e profundo que,
à amargura acorrentado sonha, no entanto,
que vive toda a beleza do mundo?

Melhor é dizer: Veleiro...
veleiro ao cais amarrado,
sob as límpidas estrelas.
Vela branca é uma alma trêmula,
sobretudo se cai sombra do alto abismo constelado.

Veleiro, sim, que não dorme
mas na silente penumbra sonha, ao balouço,
acordado que vai pelo mar enorme,
pelo mar ilimitado.

(Tasso da Silveira)

27/04/2008

Eu sei...

Tudo pode acontecer...
Eu sei, nosso amor não vai morrer
Vou pedir aos céus,
você aqui comigo
Vou jogar no mar,
flores pra te encontrar...
Não sei porque você disse adeus
Guardei o beijo que você me deu
Vou pedir aos céus,
você aqui comigo
Vou jogar no mar,
flores pra te encontrar...
You say good-bye,
and I say hello

13/04/2008

E Tu

Accoccolati ad ascoltare il mare
quanto tempo siamo stati senza fiatare.
Seguire il tuo profilo con un dito
mentre il vento accarezzava piano il tuo vestito...
E tu, fatta di sguardi tu e di sorrisi ingenui tu.
Ed io, a piedi nudi io sfioravo i tuoi capelli io,
e fermarci a giocare con una formica
e poi chiudere gli occhi non pensare più.
Senti freddo anche tu...
E nascoste nell'ombra della sera poche stelle
ed un brivido improvviso sulla tua pelle.
Poi correre felici a perdifiato,
fare a gara per vedere chi resta indietro.
E tu, in un sospiro tu, in ogni mio pensiero tu.
Ed io, restavo zitto io, per non sciupare tutto io,
e baciarti le labbra con un filo d'erba
e scoprirti più bella, coi capelli in sue
mi piaci di più... forse sei l'amore.
E adesso non ci sei che tu
soltanto tu e sempre tu...
che stai scoppiando dentro il cuore mio.
Ed io, che cosa mai farei se adesso non ci fossi tu
ad inventare questo amore?
E per gioco noi siamo caduti coi vestiti in mare
ed un bacio e un altro e un altro ancora...
da non poterti dire,
che tu pallida e dolce tu eri già tutto quanto tu
ed io, non ci credevo io e ti tenevo stretta io
coi vestiti inzuppati, stare li a scherzare
poi fermarci stupiti: "Io vorrei.... cioè...."
ho bisogno di te... dammi un po' d'amore...

22/03/2008

Todo azul do mar

Foi assim, como ver o mar
A primeira vez, que meus olhos
Se viram no seu olhar
Não tive a intenção, de me apaixonar
Mera distração, e já era
Momento de se gostar
Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei
No azul do Mar
Sabia que era amor
E vinha pra ficar
Daria pra pintar todo azul do céu
Dava pra encher, o universo
Da vida que eu quis pra mim
Tudo que eu fiz
Foi me confessar
Escravo do seu amor
Livre pra amar
Quando eu mergulhei
Fundo nesse olhar
Fui dono do mar azul
De todo azul do mar
Foi assim como ver o mar
Foi a primeira vez, que eu vi o mar
Onda azul, todo azul do mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando eu mergulhei, no azul do mar

20/03/2008

Verão...

O sol esticou-se na orla
fez costeiro o roçar do continente
lançando luzes e sombras irresistíveis
ao vento
cortado pelo nó da vela
enlaçada à nuca do horizonte
sob a brisa de meus olhos gastos...
Verei...

16/03/2008

Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do céu, passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor.
Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu deveras e perguntei então ao Senhor:
- Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.
O Senhor me respondeu:
- Meu querido filho. Jamais eu te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei nos braços.

01/03/2008

O Mar serenou...


O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
O pescador não tem medo.
É segredo se volta ou se fica no fundo do mar
Ao ver a morena bonita,
sambando se explica que não vai pescar
Deixa o mar serenar...
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
A lua brilhava vaidosa, de si orgulhosa
e prosa com que Deus lhe deu.
Ao ver a morena sambando,
foi se acabrunhando, então adormeceu
e o sol apareceu.
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
Um frio danado que vinha do lado gelado,
que o povo até se intimidou.
Morena aceitou o desafio,
sambou e o frio sentiu seu calor
e o samba se esquentou.
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia.
A estrela que estava escondida
sentiu-se atraída, depois então apareceu
Mas ficou tão enternecida e
indagou a si mesma:
A estrela afinal, será ela ou sou eu?
O mar serenou quando ela pisou na areia
Quem samba na beira do mar é sereia

23/02/2008

Não piso a concha...

Não piso a concha
abandonada pela onda que o mar trouxe.
Recolho-a e ouço a voz dos tempos
As dores e os amores agarrados às palavras.
Fala-me das ilhas e dos navios
Das janelas dos naufrágios
E das flores marinhas que os acompanharam.
Ali na espuma tudo é transparente
Aflora palavra, a verdade e
Tudo no instante de afagar a concha.
Barco de proa à madrugada
Navego tranqüilo
Sem vírgulas entre as palavras
Porque não há instantes interrompidos.
Na limpidez de uns olhos profundos
Está o mar que sulco
Com uma ave no mastro.

15/02/2008

Estrela do Mar

Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia, sozinho, ao relento
E ali longe do tempo, acabei por dormir
Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: Estrela do Mar
"Sou a estrela do mar só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."
Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar
Em silêncio trocamos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo alfabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para estrela do mar
"Estrela do mar
Só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força
Ser dono de mim..."
Jorge Palma

09/02/2008

Amor e Areia

Uma mãe e a sua filha estavam caminhando pela praia. Num certo ponto, a menina disse:

- Como se faz para manter um amor?

A mãe olhou para a filha e respondeu:

- Pegue um pouco de areia e feche a mão com força…

A menina assim fez e reparou que quanto mais forte apertava, com mais velocidade a areia escapava entre seus dedos.

- Mamãe, mas assim a areia escapa!!!

- Eu sei, agora abra completamente a mão…

A menina assim fez mas veio um vento forte e levou consigo a areia que restava na sua palma.

- Assim também não consigo mantê-la!

A mãe, sempre a sorrir disse-lhe:

- Agora pegue outra vez num pouco de areia e mantenha na mão semi-aberta como se fosse uma colher… bastante fechada para protegê-la e bastante aberta para lhe dar liberdade.

A menina experimenta e vê que a areia não se escapa da mão e está protegida do vento. E tranquilamente a mãe então responde:

- É assim que se faz durar um amor…

Aqui está minha vida...


Aqui está minha vida
- esta areia tão clara
com desenhos de andar
dedicados ao vento.

Aqui está minha voz
- esta concha vazia, sombra de som
curtindo o seu próprio lamento.

Aqui está minha dor
- este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.

Aqui está minha herança
- este mar solitário,
que de um lado era amor e,
do outro, esquecimento.

(Cecilia Meireles)